domingo, 9 de dezembro de 2007

Uma lição que não posso esquecer

Ao longo dos anos que fui passando a negociar, cometi alguns erros. Foram autênticas lições para o futuro e cada vez mais me convenço que são essas situações que nos fazem reflectir e perceber o caminho correcto para que as coisas nos corram bem, seja no mercado, seja em outros aspectos da nossa vida.

Talvez a maior lição que tirei dos meus erros em bolsa tenha sido que, para sobreviver no mercado, é imperioso cortar as perdas e que, para vermos a nossa conta crescer, temos que ter deixar correr os ganhos.

Cortar as perdas e deixar correr os ganhos passou a ser a minha regra básica de negociação. Esta regra assenta no princípio de que devemos respeitar o mercado e que nunca o devemos tentar contrariar. Quando compramos uma acção, temos um motivo para o fazer. Pode ser um motivo válido ou não, mas algo serviu de motivação para entrarmos na acção.

Se as acções que adquirimos começarem a cair em relação ao preço a que comprámos, é muito provável que aquilo que serviu de motivo para a nossa entrada, não esteja a ser um catalizador suficiente forte para a subida da acção. Se a queda continuar, o mercado não nos está a dar razão e devemos respeitá-lo, fechando a posição e assumindo a perda. O inverso sucede quando a acção está a subir. O mercado está a dar-nos razão e não há razão para que queiramos sair do trilho certo.

Se isto parece tão correcto no plano teórico, porque é que a maioria dos investidores não o faz? Se há coisa dolorosa para o ser humano é assumir o erro. Ao vender para cortar as perdas, estamos a assumir que foi um erro a entrada naquela acção. Não é fácil tomar essa decisão e a tendência natural é começarmos a ter pensamentos do género “Isto ainda vai recuperar”, que mais não são do que meras tentativas de virar as costas ao erro, sem nunca o enfrentar.

Por outro lado, quando o investidor está a ganhar, começa a ser invadido por uma extrema ansiedade de vender, de ver o dinheiro nas suas mãos e poder contar à família e aos amigos que faz grandes negócios na bolsa. Infelizmente, na grande maioria das vezes, assiste depois, incrédulo, à continuação da subida sem nada poder lucrar.

Claro que levada ao extremo, a máxima “cortar as perdas e deixar os ganhos correr”, faria com que deixássemos evaporar os nossos lucros, pois algum dia as acções começariam a cair. Há que ir protegendo os lucros com stops que vamos subindo de valor à medida que a acção também sobe.

Claro que esta velha e sábia máxima não é aplicada pelas pessoas que investem com base na análise fundamental das empresas. Elas acreditam que a empresa está sub-avaliada e que, qualquer queda, a tornará ainda mais apetecível. A maior parte dos analistas fundamentais acredita que o tempo lhes irá dar razão e estão dispostos a esperar o tempo que for necessário ate que o mercado atribua o valor que eles consideram justo para a empresa em causa.

Provavelmente, ao ler este artigo, estará a recordar-se das várias situações em que não assumiu as perdas e ficou agarrado às acções durante muito tempo, perdendo muito dinheiro. Ou até estará, porventura, a recordar aquelas acções que vendeu cedo demais e depois ficou incrédulo a ver as acções subirem durante muito mais tempo. Todos cometemos esses erros. O importante é aprender com eles e mudar a nossa atitude face ao mercado.

No meu caso pessoal, não hesito em dizer que “cortar as perdas e deixar correr os ganhos” é a máxima que tenho sempre que respeitar para sobreviver nesta autêntica selva que são os mercados financeiros. Uma selva que nos apaixona.

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