quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A experiência de um Investidor Pessoa Física

Christian Cayre aprendeu na prática a melhor forma de investir. Com quatro fases básicas ele explica como fez para alcançar o sucesso investindo e mostra que qualquer investidor pessoa física, desde que tenha disciplina, pode ter o retorno esperado aplicando no mercado de ações.
Por Christian Cayre

A minha primeira experiência no mercado financeiro aconteceu em 2002. Através do gerente do meu banco na época, visitei o site de uma corretora online e fui apresentado a um dos homebrokers do mercado. A primeira operação foi um desastre. Não somente pelo aspecto financeiro, porque depois de três dias posicionado vendi o ativo com um doloroso prejuízo, mas também pelo estresse emocional.

Somente mais tarde percebi que o meu primeiro prejuízo serviria como um balizador para as minhas futuras estratégias operacionais. Afinal de contas, é muito comum encontrar investidores iniciantes que se iludiram com a bolsa, depois de obterem êxito nas primeiras operações. Assim como a grande maioria das pessoas físicas que se aventuram no mercado financeiro, passei por quatro fases até chegar ao meu modo particular de operar no mercado como investidor. Acompanhe cada uma delas.

Primeira Fase: operar apenas através de dicas.
Neste período, buscamos sugestões de papéis em todo lugar. E sem dúvida, com o advento dos homebrokers, a Internet foi infestada por uma grande quantidade de sites, fóruns, chats e blogs financeiros que alimentam os iniciantes ávidos por indicações. É muito comum nesta fase, não conhecermos nem a empresa que está por trás daquele código que acabamos de comprar. Em resumo, deixamos que alguém, que muitas vezes nem conhecemos pessoalmente, decida (indiretamente) como devemos alocar nossos recursos.

Segunda Fase: busca pelo conhecimento.
Neste momento, não nos contentamos mais em sermos apenas digitadores de ordens, queremos aprender a fazer nossas próprias análises. É a hora do aprendizado. Buscamos através de cursos, livros e do enorme conteúdo disponível gratuitamente pela Internet, a base necessária para que possamos nos aventurar na criação de estratégias operacionais.

Terceira Fase: criação da própria metodologia.
No inicio, a minha metodologia era baseada quase que integralmente na análise técnica (gráfica). Mas com o tempo, percebi que os resultados não estavam sendo satisfatórios e que devido ao enorme número de operações que eu realizava, as corretagens ficavam com boa parte do meu lucro. Foi então, que resolvi conciliar a análise técnica com a análise fundamentalista, aumentando meu horizonte de investimento.

No começo confesso, me espantei como muitos analistas conceituados consideravam impossível a convergência entre as duas escolas. Os argumentos eram de que a análise técnica é válida apenas para o curto prazo, e a fundamentalista, na contramão, não possui timing.

Entretanto, eu sou a favor da combinação das duas análises, que em minha opinião, se completam. Enquanto a fundamentalista permite ao investidor saber quais empresas estão crescendo, gerando valor, possuem boa administração e boas perspectivas de retorno de investimentos; a técnica fornece ao investidor os indicativos para o momento certo de comprar, vender ou manter a ação. A diferença básica entre elas é evidenciada no objeto de observação das duas análises. Enquanto a fundamentalista estuda a causa dos movimentos do mercado, a técnica preocupa-se unicamente com os efeitos que causam alterações na oferta e demanda dos ativos. Depois de analisar esses aspectos ainda falta uma última fase.

Quarta Fase: disciplina.
O último passo foi desenvolver a disciplina necessária para respeitar o planejamento estratégico traçado. Disciplina exige um grande autocontrole emocional. Saber gerir ganhos e perdas, não deixando que aspectos psicológicos interfiram nas regras determinadas pela metodologia, representa talvez o aspecto mais importante para qualquer investidor.

Pensando nisso, elaborei uma simulação com quatro perguntas, antes de realizar uma operação no mercado. Vamos as questões:
1. Por que eu estou investindo nesta empresa e por que estou disposto a aplicar o montante que tenho em mente?
2. O que me faria vender o ativo?
3. O que eu espero que vá acontecer com a minha operação?
4. O que eu farei se acontecerem coisas diferentes do que eu esperava?
Respondendo essas questões, eu me sinto preparado psicologicamente para enfrentar cenários adversos. Afinal de contas, o importante não é pensar o que o mercado fará (pois nós não temos controle algum sobre isso), mas pensar como reagir diante do inesperado.

Investir é uma atividade humana extremamente complexa. E os resultados dos investimentos vêm de um duro e disciplinado trabalho que envolve buscar cada vez mais informações, analisar em maior profundidade os dados disponíveis e acompanhar de forma mais próxima a evolução das informações. Sem dúvida distorções e oportunidades sempre existirão, mas elas não são números em uma roleta, para serem encontradas exigem dedicação e perseverança.


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