sábado, 10 de novembro de 2012

10 Pontos que devem ser considerados pelo investidor

Artigo publicado pelo Anderson Lueders na Revista InvestMais do mês de agosto-2012

1) Excessiva popularidade pode ser prejudicial ao seu bolso
O investidor que acompanha os negócios na Bovespa já deve ter observado como alguns papéis têm uma imensa popularidade. São companhias com as mais variadas características, desde micos em estado pré-falimentar a blue chips. A popularidade acaba atraindo uma legião de pessoas nem sempre capacitada para avaliar se as ações em voga estão baratas. No entanto, é imprescindível saber que muitas vezes a popularidade de algumas companhias é inversamente proporcional aos seus fundamentos ou ao tamanho real da oportunidade. Saber analisar o que efetivamente é uma oportunidade é a melhor maneira de não fazer péssimos investimentos.

2) Observe o ROE.
O retorno sobre o patrimônio líquido é um excelente indicador de eficiência de uma companhia. Para calculá-lo, basta dividir o lucro líquido do período de 12 meses pelo patrimônio líquido. Empresas com alto retorno são as melhores. Aquelas que conseguem uma rentabilidade inferior ao da taxa SELIC devem ser evitadas, salvo se o preço é irrisório ou se há evidências de que o momento ruim da empresa ficará no passado. Toda vez que uma companhia retém lucro e tem um retorno patrimonial abaixo das taxas de menor risco no mercado, o investidor estará perdendo dinheiro, pois se aquele resultado fosse distribuído, ele mesmo conseguiria um retorno melhor numa simples aplicação financeira.

3) Cuidado com dívida líquida crescente.
Diversas companhias costumam apresentar dívida líquida crescente, sem que esteja acontecendo investimentos em capacidade produtiva ou em capital de giro. O grande temor se dá quando, apesar de existir bons lucros no balanço, a dívida líquida permanece aumentando. É um sinal de perigo decorrente da possibilidade de despesas estarem sendo contabilizadas como ativo. É deste expediente, inclusive, que se utilizaram companhias no exterior em alguns escândalos contábeis. A empresa com atividades normais, boa lucratividade, com redução da dívida líquida e o pagamento de bons dividendos dificilmente será palco deste tipo de dor de cabeça para o investidor.

4) Lucros não recorrentes devem ser considerados com lupa.
Muitas companhias ficam atraentes nos indicadores fundamentalistas em virtude de ganhos que não se repetirão no futuro. Os lucros que decorrem das atividades operacionais habituais são aqueles que estarão presentes nos anos seguintes, salvo mudanças concorrenciais ou macroeconômicas muito fortes. Já os resultados que advém de fatores não recorrentes, como a venda de ativos, ganhos de causas judiciais, entre outros, provavelmente não estarão de novo no balanço e, com isso, os indicadores de outrora atrativos, de um trimestre para outro, podem deixar de ser.

5) Observe o que se passa na macroeconomia.
Em determinados momentos, empresas de um setor inteiro vão bem e, na sequência, passam a enfrentar sérios problemas. É bom que o investidor saiba que nem sempre isto se deve a uma questão interna de uma companhia, e sim faz parte de uma conjuntura mais ampla. A situação das siderúrgicas ilustra muito bem este fator. Quando a China importava aço do mundo inteiro, o preço do produto estava nas alturas e as margens eram muito relevantes. De repente, a capacidade produtiva do país asiático ficou maior que o seu próprio consumo e, de importadora, passou a inundar o mercado mundial com o aço. Os preços despencaram enquanto os custos de produção permaneciam se elevando, inclusive no Brasil. Quem percebe isto antes pode evitar a realização de investimento em ativos de companhias que deixaram de ser atrativos em virtude de um novo momento macroeconômico.

6) Excesso de confiança costuma ser prejudicial.
Alguns investidores acabam estudando uma companhia e passam a acreditar tanto numa tese, que perdem a capacidade crítica de perceber quando as coisas começam a dar errado, e afundam junto das suas decisões. Ninguém é infalível e montar um método para evitar que um erro possa lhe arruinar as finanças é essencial. Investidores que acreditaram em algumas empresas nos IPO’s, inclusive de companhias pré-operacionais, pagam atualmente caro por terem se concentrado em ativos com total ausência de histórico de resultados. O fato é que a maior parte dos projetos acaba se tornando mais caro do que o previsto e/ou com prazo de execução bem superior ao planejado, fazendo com que os retornos financeiros não se concretizem como estava no papel, que tudo aceita.

7) Foque nas premissas corretas
Há muitas formas de se estabelecer o que seria o “preço justo” de um ativo. Existem cálculos com inúmeras variáveis que são realizados por investidores com grande conhecimento em ciências exatas. No entanto, não é a capacidade de realizar os cálculos complexos que determinam o sucesso de um investidor. Se assim fosse, uma legião de físicos quânticos estaria multimilionária e o grande trunfo do investidor seriam computadores de última geração. Mas, não é! O que determina os acertos no mercado acionário é a capacidade de estabelecer as premissas adequadas para os seus investimentos. Ou seja, saber definir quais são os mercados que vão se expandir mais do que a previsão dos demais agentes, bem como quais as companhias que saberão melhor tirar proveito da situação.

8) Tenha a capacidade de fazer o contrário da massa.
O investimento em renda variável, para muitos, costuma ser bastante emocional e uma das formas que as pessoas encontram para enfrentar o grande mar de incertezas é se unindo e investindo em ativos conforme o consenso do mercado. É por isso que algumas empresas alcançam preços estratosféricos e outras chegam a preços parecidos com companhias que atingem o estado pré-falimentar. É neste momento que se deve ter coragem de ir contra a correnteza e selecionar os ativos desprezados ou então vender aqueles que estão na euforia de momento. Exemplos clássicos recentes: uma das empresas que mais rentabilizou recentemente foi a Cielo, depois de toda a tempestade que se formou após a abertura da concorrência, momento em que o pessimismo imperou com suas mais trágicas previsões; No lado contrário, basta pensar na febre que são alguns lançamentos de ações de companhias que saíram tão caras no lançamento que nunca mais atingiram estes preços.

9) Não tenha medo do lucro
Um dos erros mais comuns dos investidores é se contentar com uma alta modesta quando sua escolha de ações é correta e permanecer com aquelas que estão caindo apenas para não “realizarem o prejuízo”, como se os preços por si só fossem suficientes para justificar as decisões de compra e de venda. Muitas vezes a retomada da alta das ações pode ser apenas o início de um longo período de subida que costuma ocorrer quando a cotação de empresas em que imperavam o pessimismo passa aos poucos a refletir um pouco de otimismo, e até mesmo o excesso dele. O lucro inicial decorrente da valorização acionária parece queimar as mãos de alguns investidores que sentem uma necessidade insaciável de logo se desfazer do ativo. São estes investidores também que tem uma enorme capacidade de manter algumas ações por longos períodos apenas porque elas se desvalorizaram. Os maiores vencedores no mercado acionário se concentram nos grandes acertos e sabem aproveitar bem as altas decorrentes das boas decisões. Eles não têm medo de lucrar o quanto for necessário.

10) Não basta ser bom, tem que estar barato
O investidor deve fazer o dever de casa: analisar bem a alternativa escolhida, observar como é o histórico de resultados, quais são as margens e as perspectivas futuras. É importante visualizar ainda se o cenário que permitiu bons resultados vai permanecer. Todo este cuidado, no entanto, não basta se você encontrar uma empresa que já embute no preço toda a sua competência e anos a frente de bons resultados. O que impulsiona as cotações no longo prazo de uma companhia é a diferença entre as expectativas já precificadas e aquelas que de fato ocorrem. É neste campo que deve se concentrar a escolha dos melhores investimentos. Ou seja, encontrar uma boa companhia, com um bom preço, o que permitirá a colheita de bons lucros futuros, a medida que o mercado perceba o que você visualizou antes.

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